THEATRE, FILM AND TV

Diferenças vocais

QUANTO ÀS EXPRESSÕES FISIONÔMICAS E CORPORAIS

O teatro exige movimentos corretos que podem ser grandes, expansivos. Se o ator assim os utilizar na TV, provavelmente extrapolará o espaço da telinha, sairá do quadro da TV, "vazará" este espaço. Mas, se o ator de TV ao interpretar uma peça teatral num palco, mantiver a postura mais contida da TV, sua interpretação ficará carente da expressão corporal exigida pelo teatro. É mais fácil o ator de teatro se adaptar à TV, diminuindo seus gestos e suas expressões fisionômicas, do que o ator de TV se adaptar ao espaço do palco.
Entretanto, as expressões fisionômicas fortes podem prejudicar o desempenho do ator de teatro quando na TV: qualquer movimento do supercílio, do lábio, da testa ou do olho, pode comprometer a sua atuação neste meio, expressões estas que passam desapercebidas num palco.
O cinema se constitui no meio intermediário entre essas duas linguagens, tanto no que se refere às expressões corporais, quanto às expressões faciais. No cinema, o diretor pode fazer cortes onde a expressão corporal/facial compromete a interpretação do ator. Mas, a emissão vocal precisa ser clara e os finais de frase direcionados, para que a platéia de um filme não perca as falas dos personagens.

QUANTO AO POSICIONAMENTO EM RELAÇÃO À PLATÉIA

Na televisão o ator precisa saber "ganhar" a câmera, valorizar a sua performance e evitar sair do raio de alcance das câmeras. Sua movimentação deve acompanhar o ritmo e a velocidade da gravação. Suas ações não podem passar desapercebidas ao telespectador: qualquer gesto, por mais simples que pareça, pode ter um significado importante na trama e devido a isto, deve ser feito de forma que a câmera acompanhe a movimentação. Já no teatro o seu posicionamento deriva da marcação do diretor e da interpretação do personagem.

QUANTO AO TIPO DE INTERPRETAÇÃO

A televisão utiliza a interpretação naturalista: o texto é dito como se fala no cotidiano. O próprio script, dependendo da época e da história, já vem com as palavras sintetizadas. Exemplos: tô, cê vai, ele tava.
O teatro exige do ator e do fonoaudiólogo-preparador vocal o conhecimento das propostas teatrais que a peça adota: o distanciamento de Brecht, o teatro do absurdo de Becket e outros.
In: BRITO, Marly. Voz em Cena. Organizadora: GUBERFAIN, Jane. Rio de Janeiro: Livraria e Editora Revinter, 2003. ISBN 85-7309-817-1